quinta-feira, novembro 06, 2008

Não me esqueci... apenas não me lembrei!

quinta-feira, abril 05, 2007

O Silêncio

«Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas. »


(Eugénio de Andrade, 1972)

sábado, janeiro 27, 2007

Santa Luzia

«Visão do Paraído ou dos Jardins Suspensos
ENtre almargens e praias, veigas e perfumes,
Montanha-jardim-parque, noiva, além dos cumes,
Do desdobrar sem fim de horizontes imensos.
Bisavó de Viana ao tempo de outros nomes,
Irmã gémea do bosque e dos seus sonhos densos,
Onde as horas se vão num acenar de lenços
A essa amplidão sem par de que os astros têm ciúmes.
Varanda-alpendre em trepadeiras e quirlnadas
Aonde Viana sobe até onde a alma a chama,
E as gentes haurem a pleno hausto o azul dos céus...
Pérgula sobre o Lima e o Mar de tantas bandas,
Púlpito do sermão que Portugal proclama
Em beleza e alegria e sonho e fé em Deus!»
Amadeus Torres (Castro Gil) - Professor Catedrático



quinta-feira, dezembro 21, 2006

Deixo aqui algumas palavras nesta época especial...

... saúde, amor e alegria!


quarta-feira, novembro 08, 2006

Até Amanhã

«Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre os barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.»


Eugénio de Andrade

terça-feira, novembro 07, 2006

Os dias vão passando e as coisas vão ficando por contar...

quinta-feira, setembro 21, 2006

«De vez em quando aparecia um bocado da serra, com a
sua muralha de ameias correndo sobre as penedias, ou via-se o castelo da
Pena, solitário, lá no alto. E por toda a parte o luminoso ar de abril punha a
doçura do seu veludo.»



("Os Maias", Eça de Queirós)



«Chegavam às primeiras casas de Sintra, havia já verduras na estrada e batia-lhes no rosto o primeiro sopro forte a fresco da serra. E, a passo, o breque foi penetrando sob as árvores do Ramalhão. Com a paz das grandes sombras, envolvia-os pouco a pouco uma lenta e embaladora sussurração de ramagens e como o difuso e vago murmúrio de águas correntes. Os muros estavam cobertos de heras e de musgos: através da folhagem, faiscavam longas flechas de sol. Um ar subtil e aveludado circulava, rescendendo às verduras novas; aqui e além, nos ramos mais sombrios, pássaros chilreavam de leve; e naquele simples bocado de estrada, todo salpicado de manchas de sol, sentia-se já, sem se ver, a religiosa solenidade dos espessos arvoredos, a frescura distante das nascentes vivas, a tristeza que cai das penedias e o repouso fidalgo das quintas de Verão...»

("Os Maias", Eça de Queirós)

terça-feira, setembro 12, 2006

Sintra...

... uma cidade envolta em mistérios, onde a natureza esconde um patromónio cultural de extrema beleza.

Fiquei com vontade de lá voltar!



Pálacio Nacional da Pena

Palácio Nacional de Sintra


Palácio e Quinta da Regaleira


A famosa "Piriquita" e "Piriquita 2"


Após um longo silêncio, estou de volta!

sexta-feira, junho 23, 2006

Bom São João

quarta-feira, junho 21, 2006

1º Aniversário da morte de Eugénio de Andrade


«A poesia de Eugénio de Andrade desceu aos jardins da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos. Os versos do poeta inspiraram doze artistas e o resultado são onze esculturas dispersas pelo espaço verde. Um ano após a morte do homem que usou a palavra com mestria, a Câmara de Matosinhos presta-lhe homenagem com a "personificação" dos seus escritos em obras de consagrados escultores.

(...)

Juntamente com a mostra temporária, que ficará instalada até ao próximo dia 30 de Setembro nos jardins que envolvem a biblioteca municipal e a Câmara de Matosinhos, está patente ao público até dia 13 de Julho, no átrio da biblioteca Florbela Espanca, a exposição "Retratos de Eugénio de Andrade", cujo espólio pertence à Fundação Eugénio de Andrade.»

(Inês Schreck, José Mota - Jornal de Notícias)

terça-feira, junho 20, 2006

"Porto d'agoa"

Deixo aqui a sugestão de mais um livro para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a cidade do Porto. Intitula-se "Porto d'agoa" e é uma publicação produzida pelos Serviços Municipalizados do Porto.



«Porto d’agoa procura retratar o que foi o abastecimento de água à Invicta ao longo dos tempos. Junta a cidade, os seus habitantes e a água numa ligação que nem sempre foi fácil. Muitas foram as atribulações e obstáculos dispersos ao longo desse caminho, trilhado por hábitos profundamente enraizados em confronto com ideias inovadoras, e que fizeram desenvolver, à custa dos inevitáveis conflitos, sistemas de fornecimento de água de acordo com as carências e possibilidades de cada época...»


«Porto d’agoa é também uma colecção de fotografias, com imagens de rara beleza que nos transportam de volta ao passado e nos dão a verdadeira dimensão da obra que foi feita para a cidade. Obra tantas vezes dissimulada – reservatórios onde se acumulam águas frescas repousam sob relvados; condutas, válvulas, manchões, abrigam-se sob as calçadas dos caminhos que todos os dias cruzamos; poços de águas profundas, eremitas alinhados nos areais do Douro, à vista de todos e vistos por ninguém...»

(Alexandra Agra Amorim e João Neves)

segunda-feira, junho 19, 2006

Espera

«Horas, horas sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.»

(Eugénio de Andrade)

domingo, junho 18, 2006

Esqueci-me das palavras,
levou-as o vento.
Levou-as consigo,
sem nada dizer!

quinta-feira, junho 01, 2006

Criança

«Criança, tu és o conforto
Criança, tu és o amor.
Tu, que tens alegria nos teus olhos
E que aos outros ofereces amizade;
Tu, que caminhas
Sem maus pensamentos
E que amas
Sem rodeios
Vem ...!
Vem comigo.
Dá-me a tua mão.
Criança,
Tu és o símbolo
Do amor
Da paz
E da liberdade.
Tu és o fruto
Da inocência
E da pureza.
Criança
Ajuda-nos a construir
Um mundo bom,
Como tu
Estrela brilhante!»

(Paula Perna)

Dia Mundial da Criança


Nunca é demais relembrar que hoje é o Dia Mundial da Criança.

terça-feira, maio 30, 2006

Pequena elegia chamada domingo

«O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tão pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mãos
estavam os montes e os riose as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.

Hoje os montes e os rios
e as nuvens
não vêm nas tuas mãos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios ...)
O domingo está apenas nos meus olhos
e é grande.
Os montes estão distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.»

(Eugénio de Andrade (1923 - 2005)"As Mãos e os Frutos")

sexta-feira, maio 26, 2006

Feira do Livro do Porto

sexta-feira, maio 19, 2006

Certos momentos são únicos e a beleza está na capacidade de os conseguir eternizar.

quarta-feira, maio 17, 2006

Ponte da Arrábida



( Fotografia tirada por: Filipa)

terça-feira, maio 16, 2006

Eléctrico

(Fotografia tirada por: Filipa)

Igreja de São Francisco


(Fotografia tirada por: Filipa)

Praça do Infante D. Henrique

(Fotografia tirada por: Filipa)

Ribeira


(Fotografia tirada por: Filipa)

segunda-feira, maio 15, 2006

Igreja de Santo Ildefonso


(Fotografia tirada por: Filipa)

domingo, maio 14, 2006

Escutamos o Porto

«Escutamos o Porto: os passos dados sobre as lajes; vozes soltas, feridas; falas num português perdido. Descemos da Sé para a Ribeira. Essas mulheres que gritam estão vivendo entre pedras ainda. Caminhamos no lixo. Vamos atentos à solidão das pedras, à forma destas casas que deveriam estar apodrecidas. A redução da luz conserva as suas tintas, embora mortas, vivas. Cores indecifráveis, vermelhos espessos, obscurecidos. Amparam cheiros fétidos, penumbras. E o rio resume tudo isto: mulheres lavam na água destruída: roupa, sabão e cascas de laranja; em torno, a água grande, verde e íntima. Água estreita, granito, como a Vila. Na Rua de Cimo de Vila começamos o caminho de Domingos Peres das Eiras. É esse o nome, o verdadeiro nome de Eugénio de Andrade? Que nos conduz na sordidez e no esplendor da Vila. Tu duca, tu segnore, e tu maestro. Sem culto, a Igreja de São Francisco é uma gruta de talha onde se deslocam aves, as mesmas que Eugénio de Andrade vê junto ao cais, sobre barcaças negras. Depois, aquele muro branco, dele e de José Rodrigues, diverso dos muros brancos do Sul, escuro, parede de uma rua onde vozes de crianças - tão exteriores ou interiores a nós, que são repentinamente as de William Blake - jogam. E ao teu encontro vem a grande ponte sobre o rio. É de noite, de facto, mas não estás só. O frio sobe do Douro, a cidade expõe as suas luzes. Escutamo-nos.»

(Gastão Cruz, in "O Poeta e a Cidade")

sexta-feira, maio 05, 2006

Dia Nacional da Cortesia ao Volante


Os 15 Mandamentos da Cortesia ao Volante


1 - Não utilizarás o veículo como instrumento de ameaça ou de agressão.
2 - Se conduzires, não consumirás bebidas alcoólicas ou produtos que alterem o teu estado normal de consciência.
3 - Darás sempre prioridade aos peões, mesmo fora das passadeiras ou antes de nelas entrarem.

4 - Zelarás pelo transporte seguro dos ocupantes do teu veículo, em especial das crianças.
5 - Aceitarás o ritmo de condução dos outros condutores e respeitarás os limites de velocidade legais.
6 - Não utilizarás o telemóvel durante a condução.
7 - Não estacionarás onde prejudicares a passagem e visibilidade dos Peões, em especial crianças, idosos e deficientes.
8 - Vigiarás o estado do veículo de modo a contribuir para a segurança e respeito de todos os utentes das estradas.
9 - Não perderás a paciência quando a via se encontrar obstruída e não impedirás a ultrapassagem por outro veículo.
10 - Pararás sempre nos sinais de Stop e abrandarás com o aparecimento da luz laranja.
11 - Não estacionarás nas passadeiras de peões, faixas BUS, lugares de deficientes e saídas de emergência.
12 - Manterás a calma quando circulares atrás de um veículo de instrução.
13 - Reduzirás a velocidade em locais de trânsito de peões.
14 - Em auto-estrada ou via rápida, não conduzirás encostado à traseira do carro que circula à tua frente.
15 - Adequarás a tua condução às condições atmosféricas e condições da via.


Ideia original: Association Française de Prévention des Comportements au Volant

Para mais informação consulte: www.sobreviventes.org ou www.estradaviva.org

quinta-feira, maio 04, 2006

Ser Tripeiro!

Se procurarmos num dicionário de Língua Portugesa o significado da palavra "tripeiro", encontramos as seguintes definições: vendedor de tripas, alcunha dos naturais da cidade do Porto.

Mas afinal onde teve origem esta alcunha dos portuenses?

De acordo com dados históricos, as pessoas naturais da cidade do Porto são conhecidas pelo epíteto de tripeiros, em virtude dos sacrifícios que fizeram em 1415, durante a preparação da armada que foi conquistar Ceuta. Segundo dizem, estes portuenses ofereceram toda a carne de boa qualidade que tinham aos expedicionários, ficando para si apenas com as tripas dos animais. É por esta razão que um dos pratos tradicionais da cidade é o das "tripas à moda do Porto".

quarta-feira, maio 03, 2006

Banco Alimentar Contra a Fome


"Um prato na mesa de quem mais precisa"

Aproxima-se mais uma campanha do Banco Alimentar. Irá realizar-se nos dias 6 e 7 de Maio. Ajude nesta causa.


«O Banco Alimentar Contra a Fome volta a recolher alimentos no fim-de-semana de 6 e 7 de Maio em 589 estabelecimentos comerciais localizados nas zonas de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Aveiro, Abrantes, S. Miguel, Setúbal, Cova da Beira e Leiria-Fátima e, pela primeira vez, nas Caldas da Rainha/Óbidos.»

«A combinação da solidariedade generosa dos portugueses e da eficácia comprovada da acção dos Bancos Alimentares Contra a Fome na tentativa de minorar esta penosa realidade constitui a prova evidente de que a sociedade civil se pode - e deve - substituir com vantagem ao Estado na resolução de alguns dos problemas com que se confrontam as sociedades modernas.»

terça-feira, maio 02, 2006

Projecto Tampinhas



Não custa nada ajudar! Ponha esta ideia a andar.

«A Associação Tampa Amiga surgiu na sequência de um projecto desenvolvido em 2003 pela Enfermeira Guadalupe Jacinto, quando esta decidiu contactar empresas de reciclagem e valorização de resíduos com o intuito de lançar esta ideia simples: 1) recolher tampas de plástico; 2) vender para reciclagem e 3) oferecer material ortopédico a quem mais dele necessita.»

A ideia é simples e não custa nada ajudar. Basta juntar todo o tipo de tampas de plástico limpas (de embalagens usadas) e depositá-las nos locais devidamente assinalados.

domingo, abril 23, 2006

«Bom é que não esqueçais
Que o que dá ao amor rara qualidade
É a sua timidez envergonhada
Entregai-vos ao travo doce das delícias
Que filhas são dos seus tormentos
Porém, não busqueis poder no amor
Que só quem da sua lei se sente escravo
Pode considerar-se realmente livre»

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, abril 20, 2006

Porto

«Coração que do rio
o sangue e a música retira.
Gaivota de pedra,
navio
e lira.»

(Albano Martins, in " O Poeta e a Cidade")

quarta-feira, abril 19, 2006

Saí por aquela porta
como se o dia fosse acabar.
Baixei os braços e entreguei as minhas armas
ciente que, só assim, conseguiria vencê-lo.
Mas não era esse o meu destino.

«Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.»

(Fernando Pessoa)


(Fotografia tirada por: Filipa)

«O que constrói o Porto ao longo dos anos é o carácter do portuense. O que ergue o Porto ao lado e acima de outras grandes cidades é o trabalho dos portuenses. O que transforma uma pequena comunidade numa grande cidade, todos os dias, é o amor dos portuenses pela sua cidade. O resto é fachada.»

(Manuel Serrão)

terça-feira, abril 18, 2006

Ser Feliz

«Posso ter defeitos,
viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo,
e que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
e tornar-se um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis
no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica,
mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...»

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, abril 14, 2006

Porto da minha infância

«... Lisboa em gesso branco, o Porto em pedra escura,
Sobre os abruptos alcantis do Douro;
Esse rio que vem de longe, solitário,
Cobrir-se de asas brancas de navios
E de negros canudos de vapores.
Encostados aos cais, depõem a férrea carga.
Outros, vão demandando a barra e o farolim,
Que dá uma luz - tão triste! - em noites invernosas.
Distante, no poente, esfuma-se uma nódoa
Em verdes tons fluidos que palpitam
Numa névoa indecisa, vaga imagem
Da tristeza do mar pintada em nossos olhos.

Porto da minha infância!
A primeira impressão que me causaste
Tenho-a, cheia de espanto, na memória,
Cheia de bruma e de granito!
É uma impressão de inverno,
Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe
Alto cipreste empedernido
No meio de sepulcros habitados. [...]»

(Teixeira de Pascoaes, in "O Poeta e a Cidade")