segunda-feira, abril 03, 2006

Rio Leça

«Nas margens do seu leito desfrutei
esse cantinho aonde me isolava,
remanso sereno que me encantava:
o mais belo, da casa que habitei.

Como quem mal não cuida, reparei
que um desvio à sua volta o rondava,
e a tão amargo fim o condenava,
vítima das marés, progresso e lei...

Sei que vive ainda, - quão maltratado!...
- Chega até mim, num eco destroçado,
saudade, dos seus barcos rio-acima!...

Das suas margens floridas, saudosas,
se evaropou o perfume das rosas!...
Ai, meu rio Leça, de tão triste sina!...»

(Inês Sá - "Ecos da Minh'Alma", 1993)